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ZILDA BRANDÃO

Zilda Brandão
02/04/2022 às 10:45hs


Médica Infectologista do Grupo Sabin, Dra. Ana Rosa dos Santos, explica como mutações impactam na produção das vacinas

 

  Doença comum e altamente transmissível, a gripe é uma infecção aguda que atinge anualmente mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo indicadores da Organização Mundial da Saúde (OMS). A agência estima ainda que cerca de 650 mil óbitos anuais registrados no mundo estão associados a complicações da gripe.

 

“A vacinação anual é a forma mais eficaz de proteção contra a gripe e possíveis complicações provocadas pela doença”. A afirmação é da infectologista e gerente do serviço de imunização do Grupo Sabin, Dra. Ana Rosa dos Santos. Segundo a especialista, é necessário buscar imunização todos os anos porque o vírus que causa a gripe passa por mutação genética e essas mudanças no micro-organismo que contamina o indivíduo não são reconhecidos, prejudicando significativamente a capacidade de proteção. 

 

A médica orienta também que a única forma de reativar a defesa é a vacina atualizada com as versões do vírus em circulação e explica que este é um dos fatores que leva a comunidade científica a desenvolver todos os anos uma nova vacina contra três ou quatro versões do vírus que mais circularam no inverno no Hemisfério Sul. “Na versão de 2022 da vacina, que deve estar disponível no início de abril, nas redes pública e privada, foi introduzida a nova cepa do subtipo A(H3N2), denominada A(H3N2)Darwin”.

 

Ainda de acordo com a especialista, a variante vírus Influenza A, descoberta na Australia – apontada como responsável por surtos regionais no Brasil no início deste ano – foi incluída tanto nas vacinas trivalentes (AH1N1 + AH3N2 + tipo B Victoria), quanto nas tetravalentes (AH1N1 + AH3N2 + B Victoria + B Yamagata) e aponta como grande diferencial da vacina da gripe da rede privada a imunização de duas linhagens distintas do vírus da influenza B, chamadas Victoria e Yamagata. “A Influenza B tem maior circulação entre as crianças. Além de mais vulneráveis ao vírus, quando infectadas, elas transmitem a doença por um período mais longo do que o público adulto, podendo durar de 24 horas antes do início dos sintomas a duas semanas após a manifestação da doença”, afirma.  

 

A infectologista lembra ainda que a gripe, como qualquer infecção viral, pode evoluir e prejudicar o funcionamento de diferentes órgãos como pulmões, cérebro e até coração. “Apesar de a gripe ser comumente considerada uma doença passageira, em alguns casos ela pode causar complicações, como infecções bacterianas, que são as mais frequentes. Pessoas com o sistema imunológico comprometido – seja pelo uso de medicamentos, pela condição de saúde ou pela própria idade – estão mais sujeitas a contraírem infecções graves em decorrência da gripe, como a pneumonia, também evitada por vacinas. Em geral, o vírus influenza é a porta de entrada para esta infecção bacteriana. Quem se vacina, protege a si mesmo e às pessoas com quem convive, principalmente os mais idosos e os imunossuprimidos”. 

 

A ação da vacina no organismo

 

Segundo a especialista, a vacina da gripe atua no estímulo à produção de anticorpos contra a proteína hemaglutinina (HA), existente no vírus Influenza. “Sendo assim, quando o agente viral entra no corpo, o organismo detecta sua presença e inicia a produção de anticorpos para o neutralizar. Essa ação de defesa evita que a infecção se manifeste”.

 

Outro detalhe relevante apontado pela infectologista é a eficácia do imunizante, que depende da combinação com as cepas circulantes do ano em questão e por isso, a vacina contra gripe precisa ser reformulada e reaplicada todos os anos.  “Estudos clínicos mostram que menos de 1% dos indivíduos imunizados contra o vírus Influenza apresentaram efeitos colaterais graves. Esse resultado é importante para comprovar a eficácia e efetividade da vacina da gripe”, conclui.

 


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